PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO
DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO
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30 de Junho de 2021

Este ano celebramos o primeiro centenário de nascimento de Matilde Rosa Araújo, ilustre ficcionista, poetisa, cronista e pedagoga. Tendo nascido em Lisboa, a 20 de junho de 1921, faleceu a 6 de julho de 2010, nesta mesma cidade.

Foi autora de mais de 40 livros para adultos e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças, com publicações nacionais e estrangeiras, tendo sido agraciada com vários prémios.

A sua poesia transporta uma sensibilidade atenta ao cosmos, em perfeita comunhão entre seres vivos e a natureza.

Como pedagoga refletiu sobre a importância da literatura infantojuvenil e a educação do sentimento poético na criança.

Ao longo da vida, dedicou-se à defesa dos direitos das crianças não só através da publicação de livros mas também de intervenções em organismos com actividade nesta área, como a UNICEF em Portugal.

Podemos dizer que se há pessoas que passam e não voltam, há outras que, mesmo longe da vida, regressam sempre.

Como estamos em pleno Campeonato Europeu de Futebol, selecionei um dos seus poemas, Golo, para terminar este artigo.

Com alguma saudade, relembro que os garotos do meu tempo podiam jogar à bola em qualquer lugar onde se pudessem colocar duas pedras para servirem de baliza: na escola, no adro da capela e até na estrada!

Hoje, as crianças brincam de outra forma (qualquer esfoladela é um drama!) e, principalmente, devido ao vírus, acho que até têm medo de brincar.

Golo

Os meninos
Que jogam à bola na minha rua
Jogam com o Sol
E os pés dos meninos
São pés de alegria e de vento
A baliza uma nuvem tonta
À toa
Na luz do dia
E eu olho os meninos e a bola
Que voa
E ouço os meninos gritar: Go…o…lo!
E não há perder nem ganhar
Só perde quem os olhos dos meninos
Não puder olhar.