O Dia Mundial do Cancro, quatro de fevereiro foi comemorado numa parceria entre o Grupo de Voluntariado Comunitário de Alvaiázere do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro e o Agrupamento de Escolas de Alvaiázere, na Casa Municipal da Cultura, com uma palestra, dirigida aos alunos do ensino secundário pela Dra. Adriana Teixeira, médica hematologista, aposentada, que incidiu sobre os fatores de risco para o cancro e para a sua prevenção.

Começou por explicar, que a palavra “cancro” tem origem na palavra grega Karkinos que significa caranguejo. Pensa-se que Hipócrates terá sido o responsável pela adoção deste termo para designar lesões tumorais cuja forma lembraria um caranguejo, com as suas múltiplas patas. Ainda hoje, no logotipo da Liga Portuguesa Contra o Cancro, se pode observar o caranguejo trespassado por uma espada, simbolizando a luta contra o cancro.

Ao contrário de que é comum pensar-se, o cancro não é uma doença da modernidade. Já no Egito Antigo (3 000 a.C.), os médicos descreveram doenças, que se poderiam classificar de cancro. Existem fósseis que comprovam que a doença já existia ainda em tempos mais remotos. Por exemplo, a paleontologia mostrou um tumor ósseo no úmero de um cadáver de um guerreiro da idade do ferro (cerca de 10 000 a.C.).

No entanto, a Dra. Adriana salientou que, os números de casos de cancro aumentaram consideravelmente a partir do século XIX com a chegada da industrialização.

Explicou que a palavra cancro é um termo genérico que designa muitas doenças. Em comum, estas doenças desenvolvem-se a partir de um erro na divisão celular. Cada célula tem o seu ciclo de vida programado e a sua atividade é especializada. Mas, nem sempre este processo corre bem.

E continuou a sua explicação de forma simples e clara, “O processo de formação do cancro é conhecido como carcinogénese e é um processo lento, que pode levar anos. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos, sejam agentes químicos, agentes virais ou agentes físicos leva à formação de um tumor maligno (cancro).

O tumor pode ser detetado em fase pré-neoplásica (antes da doença se desenvolver); fase pré-clínica (quando ainda não há sintomas) ou, na fase clínica (quando já há sintomas). Mas, quanto mais precocemente for detetado, maior a probabilidade de cura.

Nem sempre há uma explicação para o aparecimento do cancro, mas existem alguns fatores de risco, que aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro. Assim, através do seu comportamento, cada pessoa pode reduzir o seu risco de ter cancro. Tal não significa, que uma pessoa pode evitar ter cancro, mas a redução do risco é um aspeto que não pode ser desvalorizado.

O tabaco é o principal carcinogénico e a principal causa de mortes prematuras evitáveis no mundo. Por isso, quem fuma tem muito a ganhar se deixar de fumar.

Uma alimentação de padrão mediterrânico e a prática de atividade física, também, são muito vantajosas na prevenção do cancro”.

Alertou para os perigos da exposição solar referindo que, “Os cuidados para uma exposição solar segura são essenciais na prevenção dos cancros da pele. Mas, não se pode ignorar outro tipo de radiação, a que tem origem artificial: os solários! A utilização dos solários é completamente desaconselhada”

E alertou ainda para outro grande perigo, “E, quanto à radiação eletromagnética? Neste campo, a utilização dos telemóveis, hoje tão comum, pode ser revistada de alguns cuidados que tornam a sua utilização segura. Quando se compra um telemóvel, para além de todas as funcionalidades, devemos ter em conta o índice SAR-Taxa de absorção específica- que indica o nível de exposição à radiofrequência de dispositivos eletrónicos. E quanto mais baixo, melhor”.

Falou-se, ainda, da importância da vacinação (Hepatite B e Vírus do Papiloma Humano) e dos rastreios oncológicos (cancro da mama e cancro do colo do útero, na mulher e cancro colorretal na mulher e no homem).

A Dra. Adriana terminou a sua apresentação, apelando a um maior investimento na educação para a saúde, já que, “A informação é a melhor prevenção”.

No final a Professora responsável pelo PES, Marta Santos, considerou que, “A missão da escola passa cada vez mais, pela necessidade de formar cidadãos. Com esta palestra, de elevado nível científico e pedagógico, pretendeu-se educar e informar sobre a “biologia” do cancro, os fatores de risco e os fatores protetores, pois aumentar o conhecimento em literacia de saúde é o primeiro passo para a prevenção dos problemas oncológicos”.

E o aluno José Marques representando a turma de Biologia do 12º ano, que dinamizou as atividades deste dia comemorativo, concluiu, “Tratou-se de uma palestra enriquecedora e esclarecedora com uma grande intencionalidade comunicativa e partilha profícua de conhecimentos. A eloquência e disponibilidade da oradora contribuíram fortemente para um enriquecimento da atividade e de nós próprios, consolidando conhecimentos adquiridos e despertando a nossa intenção para novas realidades”.

Ainda durante a semana de quatro a onze de fevereiro os alunos do 3ºciclo participaram na atividade do 12ºano,” Eu Sou, Eu Vou” do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, tendo sido sensibilizados pela professora de Biologia/Ciências Naturais, Noélia Medeiros, refletiram e escreveram as suas mensagens, em autocolantes próprios da atividade. Os quais foram colocados num grande laço, elaborado pelo 12ºA de Biologia. Esta atividade teve como o objetivo alertar para esta problemática, ainda mais em tempos de pandemia e promover a saúde da comunidade educativa e em geral.